Paulo custou a se recuperar de seu complicado afastamento da Portela. De volta aos principais redutos de samba, percebeu que seu sucesso continuaria independentemente de estar ou não ligado à escola. A imprensa continuou dando um imenso destaque a Paulo, que sem dúvida nenhuma foi uma das personalidades mais conhecidas do Rio de Janeiro nas décadas de 30 e 40.
Ainda em 1941, Paulo ingressou na Lira do Amor, cuja sede ficava na Rua Pacheco da Rocha,
Para os componentes da Lira do Amor, o reforço de Paulo representava a oportunidade de a escola disputar de igual para igual com as principais agremiações do carnaval carioca. Entretanto, até os mais otimistas sabiam que mesmo Paulo da Portela teria muito trabalho para alcançar esse objetivo.
Logo no primeiro carnaval após a chegada de Paulo, em
Nos anos de 1943, 44 e
Finalmente, em 1946, Paulo, na condição de presidente da escola, pôde desfilar pela Lira do Amor. Desde que Paulo se afastara, a Portela tinha vencido em todos os anos. Já naquela época se transformava na maior campeã do carnaval carioca. Com Paulo, a Lira do Amor obteve a sexta colocação, seu melhor resultado em todos os tempos. A campeã, mais uma vez, foi a Portela. Essas colocações voltariam a se repetir em 1947, último ano dos famosos "sete anos de glória" da Portela.
Em 15 de novembro de 1946, em um desfile organizado pela UGES, no Campo de São Cristovão, a Lira do Amor fez uma emocionante homenagem ao senador Luiz Carlos Prestes, do Partido Comunista Brasileiro. O samba foi "Cavaleiro da Esperança", que, apesar de ter sido assinado por José Brito, teve sua autoria creditada, anos mais tarde, a Paulo da Portela:
Cavaleiro da esperança
Paulo Benjamim de Oliveira (Paulo da Portela)
Prestes, Cavaleiro da Esperança
Foi o homem que pelo povo relutou
Seu nome foi disputado dentro das urnas
Oh! Carlos Prestes
Foi bem merecida a cadeira de senador
És o cavaleiro que sonhamos
De ti tudo esperamos
Com todo amor febril
Para amenizar nossas dores
E levar bem alto as cores
Da bandeira do Brasil"
No palanque, Paulo assisitia ao desfile ao lado do ministro da Polônia e do próprio senador Prestes, em quem deu um caloroso abraço na hora do desfile de sua escola. Paulo era, definitivamente, muito mais que um simples sambista.
Em