O desfile da bateria da Portela em 2006 foi a síntese de toda a escola na avenida: garra, competência e emoção, temperada com evolução.
Depois de um ano lamentando os problemas do desfile de 2005 – quando pela primeira vez na história da escola a Velha Guarda foi impedida de desfilar – a Águia garantiu no quesito bateria 39,9 pontos, sob a batuta de um mestre estreando na avenida.
Novidade na história dos desfiles? Sim. Não por esse fato. Mas porque Nilo Sérgio, 26 anos de idade, seria o primeiro mestre de bateria a sair da Marquês de Sapucaí com o Estandarte de Ouro de O Globo como Revelação do ano.
Debaixo de chuva, que prejudicou em parte o desfile, a Portela fechou o carnaval na Sapucaí com o samba-enredo "Brasil, marca tua cara e mostra para o mundo". A intenção foi mostrar a mistura de raças entre o povo brasileiro. A escola entrou na avenida com 4.100 componentes, 36 alas, oito carros alegóricos e 15 destaques. Apesar do mau tempo, o desfile mostrou boa evolução e sintonia entre as alas.
O primeiro carro da Portela, "Uma terra brilhante e luminosa chamada Brasil", trouxe a águia-símbolo da Portela. Esse ano, ela veio prateada, sem movimentos e com oito metros de altura. Destaque também para a tradicional Velha Guarda que, desta vez, veio no carro abre-alas. No ano anterior a ala viria no final do desfile, mas os experientes componentes não puderam desfilar por problemas técnicos com a agremiação.
A comissão de frente resumiu a idéia do enredo, que contava sobre os povos que fazem a cara do Brasil. De um lado os integrantes mostravam uma águia prateada e, na parte de trás da fantasia, cada um trazia o representante de um povo, com negros, portugueses, italianos, entre outros.
A formação do povo brasileiro foi mostrada desde o princípio, com um carro trazendo os homens das cavernas e dinossauros, e outro com a caravela dos portugueses que descobriram o Brasil e os índios que já moravam aqui.
Os negros escravos serviram de inspiração para um carro que imitava a parte de dentro de um navio. Em seguida, alas retrataram os diferentes povos que vivem no país, com italianos, alemães, chineses e árabes.
A Portela também retratou os artistas, com um carro trazendo telas de Tarsila do Amaral, capas de obras de Mário de Andrade e na parte de trás uma estátua gigante do famoso comunicador Abelardo Barbosa, o Chacrinha.
Uma alegoria com castiçais gigantes, anjos e muitas referências às várias religiões completou o desfile, mostrando que, além de aceitar diferentes povos, o Brasil comporta diversas religiões, sem preconceito.
A dançarina Adriana Bombom foi a rainha da bateria, desfilando de lentes de contato brancas que davam impressão de ter "olhos de águia". A primeira porta-bandeira da Portela, Andréia Machado, desfilou descalça para não escorregar por causa da pista molhada, mostrando grande disposição ao sambar. A ala das baianas, logo à frente do abre-alas, chamou atenção pelo brilho e pelas saias, com apliques de águias.
O tema do desfile foi baseado numa pesquisa entre os estrangeiros, que afirmaram que a mistura de culturas é uma das características mais fortes do País. A intenção da escola foi fazer com que o público se reconhecesse nas alegorias e fantasias.
Salomões da Amazônia, mongóis, fenícios e egípcios foram alguns dos personagens que entraram na avenida. Piratas, povos da África, negros do Brasil, árabes e judeus, entre outros, conviveram em harmonia nas alas, revelando fantasias criativas e de ricos detalhes.
NOTAS:
bateria - 9,9 10 10 10
enredo – 9,5 9,8 9,8 10
ms e pb – 9,8 10 9,8 9,7
conjunto - 10 10 9,8 9,8
harmonia – 10 10 10 10
comissão de frente - 9,7 9,6 9,8 9,7
evolução - 10 10 10 9,6
fantasias - 9,8 9,7 9,9 9,6
alegorias - 9,7 9,8 9,4 9,2
samba-enredo - 10 10 9,8 10
total - 393,2
Ficha técnica:
Resultado: 7ª Colocada do Grupo Especial com 393,2 pontos
Data, Local e Ordem de Desfile: 7ª Escola de 27/02/06, Segunda-Feira, Av. Marquês de Sapucaí
Autor(es) do Enredo: Amarildo de Melo e Ilvamar Magalhães
Carnavalesco(s): Amarildo de Melo e Ilvamar Magalhães
Presidente: Nilo Figueiredo
Diretor de Carnaval: Paulinho do Ouro
Diretor de Harmonia: Rômulo Araújo
1º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Diego e Andréa Machado
2º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira:
Bateria: 320 Componentes sob o comando de Mestre Nilo Sérgio
Contigente: 4500 Componentes em 36 Alas
Samba enredo:
Autores: Mauro Diniz, Ary do cavaco, Júnior Escafura, Marquinhos de Oswaldo Cruz e Naldo
Intérprete: Gilsinho
O brasileiro é nosso maior tesouro
A Portela vem mostrar
Através da história, nossa formação
Fatos que marcaram a nação
Contam que outras civilizações
Também estiveram por aqui
Deixaram marcas que estão no tempo
Antes da cobiça invadir (Meu Brasil)
A lua banhava de prata
As matas, os rios e o mar
Será que tanta beleza
De nativa riqueza
Refletiu num povo singular?
Invasão que deixou neste chão
O traço europeu
Alma e raça africana
Que tanto sofreu
Se misturou com sabor imigrante
Deixando heranças culturais
Incomparável mistura, só aqui se faz
Brasil arte numa tela multicor
É crença que a fé espalhou
Exemplo para o mundo inteiro
A alegria e o talento brasileiro
É o povo que faz a marca desse país
Risonho, capaz, feliz
Com os olhos da águia
Eu vejo a nossa inspiração
Raiando o dia num azul de emoção