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Portela 2003: Ontem, Hoje e Sempre Cinelândia - O Samba Entra em Cena na Broadway Brasileira

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Palco dos mais diversos movimentos, sejam eles políticos, estudantis, culturais e boêmios, a Cinelândia foi cantada e decantada na Marquês de Sapucaí nesse carnaval de 2003.

 

Com o enredo “Ontem, hoje e sempre Cinelândia — o samba entra em cena na Broadway brasileira”, do carnavalesco Alexandre Louzada, a Portela mostrou no Sambódromo o lugar onde o Rio é mais carioca. Agitação, diversidade de tipos, mistura de gente de tantas procedências, comércio, cinema, teatro, música para todos os gostos, política de todas as tendências, boemia de todas as horas, arte, cultura, arquitetura. O mundo passou em azul e branco pelo palco mais importante do carnaval carioca.

 

Sem a responsabilidade de ser favorita, a Portela fez um desfile leve, mostrando alegria e integração dos componentes. A escola passou na avenida brincando, com componentes cantando e relembrando seus melhores anos de desfile.

 

Na expectativa de levantar um título, após 19 anos de jejum, a Portela trouxe o que havia de melhor. A escola entrou na Sapucaí quando o dia já raiava e fechou o primeiro dia de desfiles com uma apresentação que se destacou pela plasticidade dos carros alegóricos.

 

A Portela entrou na avenida com cerca de 4.000 componentes. Desse total, 840 foram distribuídos pelas 14 Alas da Comunidade, cujas fantasias foram dadas pela agremiação. As fantasias de composição também foram doadas, num total de 84. Além disso a Portela contou com 300 ritmistas, que também tiveram suas roupas confeccionadas gratuitamente pela escola, além das 105 baianas e dos 14 passistas.

 

Como puxador de seu hino para o carnaval de 2003, a escola de Madureira contou com o intérprete Gera, tendo na presidência Carlos Teixeira Martins.

 

O tradicional carro abre-alas com a águia, símbolo da agremiação, encantou o já esvaziado Sambódromo carioca no início da manhã de segunda-feira. Dessa vez, o símbolo maior da escola de Madureira teve destaque de estrela e pisou na avenida, literalmente, ao som da vinheta da 20th Century Fox, iniciando sua evolução sob os acordes da trilha sonora de “E o vento levou”, grande clássico do cinema, encenado pela comissão de frente. A esperada entrega do Oscar à águia não aconteceu. O símbolo portelense olhava o troféu que era mostrado por uma integrante da comissão de frente, que representava a escrava Mammy do filme.

 

Foi mesmo a ave a grande sensação da comissão de frente, apesar de não ter sambado na avenida como fora prometido. A coreografia dos casais foi razoável e não empolgou tanto quanto a águia, que mostrou perfeição em seus movimentos.

 

A première da exibição da estrela azul e branca aconteceu no setor 1, homenageando o público das arquibancadas populares ali localizadas e abrindo passagem para um show especial da comissão de frente, também naquele setor. Quinze rapazes e moças reproduziram a antológica cena do piquenique dos personagens Scarlett O’Hara e Rhett Butler, numa coreografia carregada de romantismo e dança.

 

Totalmente integrada ao enredo, a águia saiu de dentro de um projetor com movimentos novos. Além de pisar no chão da Sapucaí, a alegoria empinou, bateu as asas, deslocou-se para bem próximo do público, mexeu a cabeça nos sentidos vertical e horizontal e, claro, emitiu sons.

 

Outro destaque da agremiação de Madureira foi a madrinha da bateria. Com um macacão todo bordado de cristais, Adriane Galisteu empolgou a arquibancada. A fantasia brilhava e contrastava com os primeiros raios de sol de segunda-feira. Com tanto entusiasmo, a madrinha chamou a atenção do espectador para a bateria.

 

Também se destacou no desfile da Portela a ala de bailarinas, toda coreografada, lembrando o Teatro Municipal. Essa ala chamou a atenção de quem estava assistindo ao desfile. De sapatilhas e adereços com plumas que pareciam imitar asas, as bailarinas ousaram e mostraram samba no pé.

 

A bateria da Portela fez seus gracejos e deu uma paradinha. A modelo Ângela Bismarck desfilou pela escola, mesmo de luto pela morte de seu marido, ocorrida em dezembro do ano anterior. Ela, que sempre desfilara no abre-alas, preferiu no entanto sair como destaque no sexto carro. Thyrso e Manuela, ex-BBBs, desfilaram empolgados. Paulinho da Viola também marcou presença, entrando no final do desfile.

 

Os antagonismos culturais da Cinelândia também passaram pela avenida. Foi mostrada a Biblioteca Nacional e o Museu Nacional de Belas Artes, de um lado, e os cabarés, teatros de revista e teatros de comédia, de outro. As concentrações políticas que aconteceram na Cinelândia foram representadas pela Era Getúlio Vargas, nos anos 30, e o impeachment de Fernando Collor de Mello, em 1992.

 

Um espetáculo à parte foi a última ala, que representava todos os tipos humanos que passaram pela Cinelândia. Nela, desfilavam bonecos de Dante de Oliveira, Tancredo Neves, Ulysses Guimarães e Lula. Foi um momento único, já que o boneco do presidente dançou, sambou, mandou beijos para o público e, numa alegria contagiante, rebolou com as mãos nos joelhos. O boneco do presidente estava em dia de graça, assim como os componentes da Portela.

 

Apesar do belo desfile, a escola correu o risco de perder pontos no quesito evolução. O quarto carro apresentou problemas no setor 9, em frente à cabine de jurados, abrindo um buraco na escola. Para corrigir o problema, os diretores de harmonia tentaram empurrar o carro e acabaram optando por adiantar duas alas até que ele voltasse a andar.

 

Com esta afirmação - “Eu fiz a Portela voltar” - o carnavalesco Alexandre Louzada saboreou o desfile da azul-e-branco de Madureira como uma vitória pessoal. Ele foi o último integrante da escola a entrar na avenida. Depois de enfrentar inúmeras dificuldades para preparar a escola, Louzada chegou emocionado e com lágrimas nos olhos à Apoteose. E foi cumprimentado por inúmeros componentes da escola. Com manda o figurino, o carnavalesco desfilou de casaca.

 

Louzada afirmou ainda que sofreu muito para aprontar esse carnaval. Ele imaginava um carnaval mais luxuoso. Mas, dentro das possibilidades, conseguiu fazer um desfile simples e bonito. E os portelenses perceberam isso. Todos desfilaram com alegria e empolgação. Mesmo sendo a última escola a desfilar, ninguém desanimou.

 

Recompensado pelo carinho do público e dos componentes, Louzada esperava que nesse ano fosse reparada a injustiça que ele disse ter sido cometida contra a Portela no carnaval de 2002.

 

Mas nem tudo foram flores no carnaval de 2003. O exército foi deslocado para as ruas na tentativa de conter a violência provocada por integrantes da facção criminosa Comando Vermelho, liderada pelo traficante Fernandinho Beira-Mar. Pela primeira vez em toda a história, o maior espetáculo da Terra teve que ser escoltado por 34 mil agentes, sendo 3 mil do exército, 5 mil policiais civis e todo o efetivo da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro.

 

Essa atitude foi motivada pela onda de violência que atingiu o Estado na semana anterior ao carnaval, quando 39 ônibus foram incendiados, três pessoas morreram e seis bombas caseiras foram detonadas nos bairros de Ipanema, Botafogo e Tijuca.

 

Outra nota triste foi a morte do compositor Dedé da Portela, antes do carnaval. Um dos mais importantes puxadores de samba da história da azul-e-branco de Madureira foi vítima de um derrame cerebral quando estava em casa. Ele já havia sofrido um outro derrame quatro anos antes. O corpo de Dedé da Portela foi enterrado no Cemitério de Nova Iguaçu. Junto de Norival Reis, Dedé da Portela compôs o samba 'Contos de areia', que levou a Portela à conquista do seu último campeonato, em 1984. O desfile daquele ano foi dividido em dois dias, e teve a Portela como campeã da primeira noite e a Mangueira da segunda, com o enredo “Yes, nós temos Braguinha”. Após um desfile extra, reunindo as melhores dos dois dias, a Mangueira foi declarada supercampeã. O samba de Dedé e Norival, contudo, é considerado um dos grandes clássicos da Portela, num enredo que fazia uma homenagem a grandes nomes da história da agremiação, como Paulo da Portela e Clara Nunes. Um outro samba de Dedé da Portela muito lembrado na escola é o do enredo “Festa da Aclamação”, de 1977, em parceria com Catoni, Jabolô e Waltenir. Naquele ano, a Portela conseguiu o vice-campeonato.

 

Apesar de deixar o Sambódromo sob os gritos de “É campeã” do público, a Portela não conseguiu chegar ao ponto mais alto do pódio. Após o resultado final, em que a azul-e-branco de Madureira ficou em 8º lugar, com 390,4 pontos, o carnavalesco Alexandre Louzada pediu demissão. Ele alegou que o presidente da Portela, Carlos Teixeira Martins, não investira na escola. Apesar disso, Louzada disse que foi feito um bom trabalho na avenida. E que os componentes e integrantes da diretoria da Portela, inclusive ele, lutaram muito na tentativa de levantar o 22º título da escola.

 

Em relação ao resultado, ele admitiu que a Portela não tinha condições de disputar o título, mas tinha condições de estar entre as campeãs do carnaval. Para Louzada, a vitória da Beija-Flor foi justa, por causa do momento do Brasil e do trabalho da diretoria, que brigava pelo título há cinco anos. Mas, como uma pessoa ligada à Mangueira, gostaria de ter visto a verde-e-rosa vencer.

 

Ficha técnica:

 

Resultado: 8ª Colocada do Grupo Especial, com 390,4 pontos

Data, Local e Ordem de Desfile: 7ª Escola de 02/03/03, Domingo, Av. Marquês de Sapucaí

Carnavalesco: Alexandre Louzada

Presidente: Carlos Teixeira Martins

Diretor de Carnaval: Paulo Miranda

Diretor de Harmonia: Mário Moraes

1º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Cristiane Caldas e Fabricio Pires

2º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Priscila Rosa e Leandro

Bateria: 300 Componentes sob o comando de Mestre Carlinhos Catanha

Contigente: 4.000 Componentes em 36 Alas

 

Samba enredo:

autor: Caixa D, água, Alexandre Fernandes, Lílian Martins e Júlio Alves

 

De um sonho fez-se um gesto de amor, amor, amor

Das luzes uma "cidade" criou

O Rio assiste em cena

O "Mundo" que o maestro imaginou

Um chão de estrelas vai surgindo

Envolvendo os corações

Cinemas, Night and day, teatros, felicidade é a lei

No palco da paixão a cinelândia "faz opinião"

Boêmios, cantores, um beijo roubado ao luar

A poesia sorrindo em cada mesa de bar

 

A voz não pode calar, a gente tem que lutar

O povo "faz a hora" de mudar

 

Onde o amor faz morada já é madrugada

Deixa o dia clarear

É bom estar com você, do Bola Preta a gente vai ver

O sol, a rua, o filme que o vento não levou

Somos o "cais", emblema da paz

Velas ao vento, vem "navegar"

Voar no azul mais bonito, buscar no infinito

A alegria do meus carnavais

 

Voa, voa, divina luz de Madureira

O samba na praça, no embalo da massa

A Portela não é brincadeira

 

 



 

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