A Equipe Portel@web põe à disposição dos internautas amantes da Portela, em particular, e do samba, em geral, um documento valioso tanto em relação à importância dos depoentes quanto à atualidade do conteúdo presente nos testemunhos: um bate-papo informal e bastante revelador entre Candeia e Paulinho da Viola e os depoimentos do compositor e estudioso Elton Medeiros e do baluarte da Mangueira, o compositor Nelson Sargento.
Publicado sob forma de suplemento especial, dedicado ao universo das escolas de samba cariocas, no jornal Correio Braziliense do Distrito Federal, em 22 de janeiro de 1978, teve como motivação a polêmica que envolveu, na época, a decisão da Diretoria da Portela de “escolher” para o carnaval daquele ano o samba de autoria de Jair Amorim e Evaldo Gouveia, para o enredo “Mulher à Brasileira”, compositores e músicos bastante conhecidos na música popular brasileira, porém, considerados “de fora”, estranhos ao universo do samba.
Tal decisão provocou reações de indignação e discussões apaixonadas a respeito do que já se considerava uma invasão da “profissionalização” da ala de compositores, ainda, então, um dos segmentos mais fechados das escolas de samba.
Se naquele ano, esse fato na Portela foi pretexto para se discutir a relação Escolas de Samba e Cultura Popular, 27 anos depois, neste carnaval de 2005, outro acontecimento causou comoção na Avenida Marquês de Sapucaí e vem repercutindo em grande escala: o impedimento de a Velha Guarda da Portela desfilar, por ordem do presidente da Agremiação, Nilo Mendes Figueiredo, sob a alegação de que sua entrada poderia prejudicar o julgamento da Escola quanto ao tempo de desfile (Pelo regulamento da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro, com a aprovação das escolas membros do denominado Grupo Especial, para cada minuto excedente ao limite máximo de 80 minutos e mínimo de 65 minutos há a perda de 0,2 pontos).
Ainda que na madrugada de segunda-feira para terça-feira de carnaval deste ano a ausência da Velha Guarda da Portela no desfile assumiu contornos de “tragédia” – na concepção helênica do termo -, por outro lado, permitiu, talvez, o momento mais emocionante que a Sapucaí já presenciara até então. Portela pioneira, mais uma vez. E fez emergirem, novamente, as sempre e eternas acaloradas discussões sobre o fato, num primeiro momento, e sobre os rumos das escolas de samba, em nível mais amplo. E, mais uma vez, partindo de um fato portelense. (Não nos esqueçamos que entre 1978 e 2005, aconteceram a fundação do GRANES Quilombo – também referido no presente documento – , a fundação do GRES Portela-Tradição, a invasão do Portelão por um grupo de oposição à gestão do ex-presidente Carlos Teixeira Martins, em 2003, e as eleições em 2004!).
O propósito de inclusão deste Especial, nesta hp, é abrir mais um espaço de discussão sobre a pertinência, propriedade, importância e contemporaneidade deste documento, gentilmente cedido pelo internauta Adriano Fontes, quanto aos rumos da Portela e de todas as escolas de samba. A intenção é, também, estabelecer um diálogo entre este e outros documentos e textos, inéditos ou não, com o intuito de enriquecer o debate, inclusive, atendendo a um pedido de Candeia, de que “a chama não vai apagar”. E para que nenhum nome “caia no esquecimento” – só para lembrar do nosso Mestre, Paulo da Portela.
Portanto, caro (a) internauta, se você possui algum documento ou texto, inédito ou não, fique à vontade, caso queira, para enriquecer mais e mais tão apaixonante e sério assunto: o samba. Envie, por favor, com as referências, créditos e autorização necessários.