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Valci Pelé

 

 

 

 

 

 

 

 

Entrevista realizada no SESC de Madureira em 21 de abril de 2012.

 

A influência dos grandes passistas portelenses

 

 

“. . .em 92, eu passo realmente a fazer da dança do samba algo que eu sempre vi e sempre gostei e sempre. . .me influenciou de alguma forma. . .” (Valci Pelé)

 

 

Valci Santos de Lima nasceu no Rio Comprido, bairro da zona norte da cidade do Rio de Janeiro e, desde a infância, mora em Madureira. O nome artístico “Valci Pelé” é uma homenagem à grande passista portelense Nega Pelé. Uma demonstração de gratidão a quem, segundo ele, o levou ao mundo dos passistas.

 

Foi no ano de 1992, numa festa na casa dos avós de Valci na Vila da Penha, que Nega Pelé se encanta com o samba do jovem e o leva para fazer um teste na União da Ilha do Governador. (Nessa época, Nega Pelé possuía uma padaria na Vila da Penha e era vizinha e amiga dos avós de Valci).

 

Porém, a história de Valci no samba começou seis anos antes (se é que é possível precisar no tempo essas coisas, pois, como bem diz Valci, “eu sempre gostei de samba”): desde 1986, ele já desfilava em ala mirim na Caprichosos de Pilares; aliás, aos 15 anos de idade, Valci já trabalhava fazendo chapéu no ateliê da Tradição e já nutria a vontade de ser passista. “Eu via Garrinchinha passando por lá e pensava. . .poxa é a primeira passista, que maneiro! Tinha os meus 14, 15 anos e achava bacana”.

 

PortelaWeb: Neste ano, na cerimônia de entrega do Estandarte de Ouro, além de Nega Pelé, você citou os passistas Tijolo e Claudionor em seu discurso. De que forma eles te influenciaram?

 

Valci Pelé: Em 2001, a idealização do projeto “Primeiro Passo” me fez pesquisar sobre a dança do samba. Existia uma pessoa lá na década de 40 (1940), Claudionor Marcelino dos Santos, que era o “Príncipe da Praça XI”. Não há registros dele, mas contam que era tão ovacionado quanto um compositor. Sobre o Tijolo. . .eu vi alguns documentários em que ele samba com Gargalhada, com Moisés, com Carlinhos Café. Eu tenho até documentos, registros desses passistas. Inclusive, eu até tenho o contato do Carlinhos Café. Na verdade foram eles que me motivaram, que me incentivaram a fazer da dança do samba o meu ofício.

 

É por isso que eu cito Tijolo, Nega Pelé, Claudionor Marcelino dos Santos. . .É uma pena que não tenha registro. . .eu não encontrei registro do Claudionor Marcelino dos Santos. Só sei a história de que era o “Rei do Sapateado”, o “Rei da Praça XI” no início da década de 40.

 

Ganhador do Estandarte de Ouro por duas vezes

 

PW: Como foi ser premiado com o Estandarte de Ouro?

 

VP: Eu não esperava receber o Estandarte, até porque eu já tinha recebido em 99. Nessa época, eu soube através do José Carlos Rego que não é filosofia deles (julgadores do Estandarte) contemplar mais de uma vez um mesmo passista, mas sempre renovar. . .mostrar um novo talento. . .quem está chegando.

 

. . .

 

E eu quase não desfilo, né? Eu saio da Portela num momento em que eu realmente precisava estar mais à frente dos meus projetos e não por outros problemas. E eu não iria desfilar mesmo. Desfilei por causa da carta-manifesto que os passistas fizeram e pela emoção que eu senti na reinauguração da quadra quando as pessoas vinham me pedir para voltar para a minha casa.

 

Eu torcia muito para que a Nilce ganhasse. Inclusive, quando acabou o desfile, eu disse a ela que estava torcendo para que ela ganhasse o prêmio. A gente faz um trabalho junto há tanto tempo. Ela é merecedora porque também luta pela valorização do passista, mas que ainda não tinha sido contemplada. Afinal, o prêmio é um reconhecimento. Não significa que você é melhor passista que um outro, mas é um reconhecimento.

 

Então quando eu recebo a notícia de que tinha ganhado, eu fico muito feliz porque não esperava, porque foi uma dobradinha junto com a minha companheira e irmã Nilce e porque foi pela Portela.

 

PW: Como você reagiu à manifestação dos passistas da Portela pedindo para que você voltasse?

 

VP: A Nilce é muito mais referência das meninas e eu sou muito mais referência para os garotos. Então. . .quando essa referência sai, fica tudo meio perdido para os meninos, por mais que a Nilce tenha o controle. Se é o contrário, também ia acontecer o mesmo problema, mas com as meninas. Enfim. . .eles queriam que eu retornasse. E eu retorno com o maior carinho e em respeito não só a elas, mas á comunidade da Portela também.

 

E por falar em referência. . .

 

 

“. . .por que não manter isso. . .de Paulo da Portela?  De estar vestido com um sapato, uma calça, um terno bacana? Eu busco essa valorização não só da dança, mas da indumentária também.” (Valci Pelé)

 

 

PW: Homem sambando e mulher sambando. Tem diferença?

 

VP: Bom. . .eu falo tanto do projeto “Primeiro Passo” porque é a minha referência. Nele, eu e Nilce criamos uma didática, uma metodologia de ensino quando nós falamos de passista masculino e de passista feminino. São alguns exercícios que a gente faz com os adolescentes e adultos do projeto e que deram certo. A dança não tem a forma errada e a forma certa. Cada um tem seu estilo, mas eu acredito no que eu faço.

 

São exercícios que mexem com lateralidade, com coordenação motora, com equilíbrio e que, no início, são basicamente os mesmos. Porém, lá na frente, quando começamos a dar os passos da dança do samba – o miudinho, os floreios e o samba rasgado – começam as mudanças. Só um comparativo: o quadril da passista feminina é mais acentuado. No passista masculino é um movimento mais natural. A perna do passista masculino é semi-flexionada e da passista feminina é um pouco mais estendida . . Aí tem as diferenças nos braços: as meninas usam muito mais os braços com plano médio e alto; os rapazes com plano baixo, na altura da cintura. Então. . .é diferente. . .é totalmente diferente, embora hoje você veja passista masculino sambando igual a passista feminino.

 

PW: Dando nas cadeiras. . .(risos)

 

VP: (risos) Não, não. . .nada contra a opção sexual, mas na dança o cara tem que vestir um personagem, né? O cara que assiste pode não ser um grande entendedor, mas ele vai perceber que tem algo estranho ali. Ele tem a noção e espera que um passista homem sambe como homem e a mulher como mulher. Hoje você vê um passista masculino com roupas vazadas, um faisão. . .isso não é legal. Pô, um passista masculino tem que estar com uma camisa, um colete, um terno. E eu tento buscar isso na Portela, porque a Portela é um celeiro mesmo de passistas. Nós não temos dificuldades de achar e isso não é de hoje. Vem lá dos primórdios. Sempre foi assim! Então. . .por que não manter isso. . .de Paulo da Portela? De estar vestido com um sapato, uma calça e um terno realmente bacana? Eu busco essa valorização não só da dança, mas da indumentária também. E a Nilce a mesma coisa, em relação às mulheres.

 

No projeto “Primeiro Passo” eu tento mostrar a essas crianças que há mesmo uma diferença da dança do samba do passista masculino e da passista feminino, independente de opção sexual.

 

PW: A ala de passistas da Portela não está coreografada demais?

 

VP: A gente vem vindo junto com a bateria, que tem feito sempre um desenho, uma espécie de “coreografia”. Tem havido uma orientação da harmonia, inclusive, para que seja feita uma junção da nossa com essa “coreografia” da bateria.

 

Eu vejo que o passista não pode ficar muito preso à coreografia, porque a nossa arte é riscar o chão de poesia.

 

PW: Tem que ter improviso, né?

 

VP: Tem que ter improviso, são as firulas. . . Você fazer um pequeno trecho com alguma coreografia, mas dentro da dança do samba fica bonito. Mas tem que estar num contexto. Só que para quem vê de fora, às vezes não basta. Fica parecendo uma ala coreografada. Nós temos o livre arbítrio de não colocar coreografia. E a gente ouve muito o que as pessoas falam também. Se não estiver agradando. . .Esse ano, que seria a Lapa, eu já estava pensando na dança do malandro com as cabrochas. Mas. . .vocês acham que estava coreografada?

 

PW: Nos ensaios de rua. . .sei que cantar e sambar cansa. . .mas não estavam cantando nada. (risos)

 

E o próprio pessoal que estava assistindo (risos). . .eles ficavam pedindo “Canta, gente, samba!”. E alguns não estavam nem cantando nem sambando.

 

VP: Cantar e sambar e muito difícil. Tem que ter muita resistência. Muitas criancinhas começam a sentir dor no baço e a gente recomenda que elas maneirem.

 

PW: Mas as crianças estavam bem. (risos)

 

VP: Estavam bem? Estavam bem?! (risos) O problema são os adultos? (risos) Então eu vou puxar a orelha deles (risos)

 

Mas é difícil, cara. É muito complicada, porque exige uma preparação ferrada.

 

PW: O passista masculino e a passista feminino devem dançar em par ou separados?

 

VP: Acho que em par mesmo, porque ele tem que cortejar a cabrocha. É igual a mestre-sala e porta-bandeira.

 

PW: Eles devem vir em ala ou espalhados pela escola toda?

 

VP: Lá atrás era por setores. Eu gosto também. Vindo em ala, a escola fica muito mais compacta, né? Quando você vem espalhado e vem na frente de um carro, você acaba não tendo espaço. Se você vem entre uma ala e outra, eles te engolem também e você fica sem poder mostrar direito. Hoje, o carnaval como está, é melhor mesmo você ficar numa ala.

 

 

“As pessoas faziam do samba um veículo para ir pra fora, pra casa. Os caras eram tidos como marginais. . .porque o passista pode ser um médico, um advogado. . .” (Valci Pelé)

 

 

PW: Hoje em dia o passista é valorizado ou desvalorizado?

 

VP: Eu faço da dança do samba o meu ofício e luto pela valorização do passista. Acho que cada escola de samba, na figura do seu coordenador, tem que buscar isso. Na Portela, o presidente Nilo nos dá o livre-arbítrio para a ala de passistas trabalhar. Algumas decisões, em relação a concurso, por exemplo, são tomadas somente por nós dois. Na Portela, dirigente nenhum dirigente se mete na ala.

 

Não é quesito que vai trazer uma valorização maior para o passista. A pessoa é que tem que buscar a valorização. Ocorre que, muitas das vezes, as pessoas a frente da ala estão lá por vaidade ou para “fazer comércio”, mas não tem nenhuma intenção nem capacidade para lutar pelo segmento. De uma forma geral, o segmento, hoje, está tão falado. . .Está valorizado sim!

 

Nesse ano eu participei de um seminário na PUC sobre a dança do samba. Eu estava na mesa falando para vários universitários. Isso foi importante porque eu pude mostrar que não é qualquer um que pode ser passista. Eu mostrei que tem toda uma metodologia, uma história. . .Tem que ter um respeito.

 

As pessoas faziam do samba um veículo para ir pra fora, pra casar. Os caras eram tidos como marginais. A Portela. . .você parece que está nos fundos da tua casa. A mentalidade dos pais hoje é diferente da do passado. Hoje em dia você tem a garotada aí que quer ser passista. . .porque um passista pode ser um médico, um advogado. . .Pode-se fazer isso paralelamente.

 

PW: Qual o contingente atual da ala de passistas da Portela?

 

VP: 120.

 

Em 2006, nós começamos com 90, 80. Mas quando entra o projeto de passista “Gente que samba e é feliz” lá na quadra da Portela, o presidente pede pra que aumente esse número. Porque lá o objetivo é mesmo formar um passista. Eles entram lá para serem passistas da Portela. Saem ou na Portela ou na Filhos da Águia. Então, tivemos que aumentar e mudar o perfil do contingente: retirar alguns adultos e colocar mais crianças.

 

PW: Como é o perfil da ala atualmente (gênero e idade)?

 

VP: São 36 homens (10 crianças, 10 adolescentes e 16 adultos) e 84 mulheres (22 crianças, 22 adolescentes e 40 adultas). A procura feminina é bem maior que , né? Embora, nas crianças, a procura dos meninos seja bem grande também. A gente teve essa dificuldade na Portela também lá no início por causa das referências que a gente falou lá atrás. Poxa, meu filho quer ser passista. Aí eu vou numa escola de samba. Se eu ver aquilo, eu não vou querer que o meu filho seja. Então, a dificuldade era a referência do que se via.

 

. . .

 

Nós não estamos mais no projeto da Portela. Nós estamos no projeto daqui do SESC e na FAETEC de Oswaldo Cruz.

 

 

 

“O projeto Primeiro Passo é um fio condutor para buscar a valorização da dança do samba fora de uma escola de samba” (Valci Pelé)

 

 

PW: Fala um pouco do projeto que você toca aqui no SESC de Madureira

 

VP: O projeto “Primeiro Passo” começou em 22 de agosto de 2001 (Dia do Folclore) e trabalha com crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. O padrinho do projeto é o Dudu Nobre. São oferecidas aulas de dança do samba, jongo, percussão e cavaquinho.

 

Dentro desse projeto, nós fizemos o seminário “A beleza do carnaval estampada em sua história” onde os 130 alunos foram divididos em 4 grupos. Eles mesmos escolhem os nomes para seus grupos e, depois, sorteiam-se os segmentos sobre os quais eles irão pesquisar. Após o sorteio dos segmentos, são escolhidas as personalidades de cada segmento. Por exemplo, vai falar sobre a dança do samba, nós levamos o Carlinhos de Jesus. Aí eles vão lá e metem a mão na massa. Levam a máquina de fotografar, elaboram as perguntas e vão entrevistar aquela personalidade. Neste momento em que estão fazendo este trabalho, metendo a mão na máquina de filmar, no momento de fazer uma entrevista e tal, está sendo dada a oportunidade para ele próprio. Ele pode pensar em ser um câmera, um repórter.

 

Então. . .no projeto “Primeiro Passo”, as crianças não ficam só condicionadas à dança, elas fazem pesquisas, tem aulas. . .Há palestras sobre a prevenção e o uso de drogas, de combate a violência. Vão a passeios. Tem toda essa estrutura de inclusão social.

 

O projeto “Primeiro Passo” hoje é uma família e passou a ser um fio condutor para outros projetos que vieram. As crianças têm o prazer de estar a tarde toda ali, onde realizam várias atividades, saem da aula de cavaco vão para a aula de jongo. Fazem uma audição de seis em seis meses na escrita e na prática para saber o seu rendimento. Depois passam para outra fase. No término dependendo da necessidade que a companhia tenha de colocar algum dançarino, fazemos uma audição. As crianças passam por vários laboratórios, canto, dança, jongo, percussão para que ela possa entrar na companhia. Elas passam a serem monitoradas e daí surge a primeira companhia de dança do samba formada por crianças e adolescentes, surgida em 2009 com a parceria com Marcus Azevedo. Com essa companhia, foi criado o espetáculo “Malandros e Mulatas”, que é uma metáfora que conta o dia a dia do passista, do sambista.

 

O projeto primeiro passo surge com o objetivo de trabalhar com essas crianças e adolescentes fazendo da dança do samba transformadora, melhorando a auto-estima das crianças e melhorando também a avaliação escolar. Existem crianças especiais portadores de deficiências no projeto.

 

O que nos deixou muito feliz, no ano passado, foi quando a coreógrafa de dança contemporânea Andrea Jabor fica sabendo do espetáculo “Malandros e Mulatas” e leva um grupo de australianos que se demonstraram interesse em saber como um projeto de inclusão social através da cultura – e da dança - acontece no Brasil. Como é a transformação dessas crianças? Qual a metodologia?

 

A gente os recebeu com a bandeira do bloco “Primeiro Passo”, que é o único bloco infantil que existe em Madureira. Mostramos a metodologia de ensino. A 1ª turma, que é o miudinho; a 2ª fase, que é o trançado; e a 3ª fase, que é o samba rasgado. Mostrou-se também o jongo e uma prévia da companhia. Foi dito para eles o objetivo de cada exercício dentro das fases propostas. O resultado de tudo isso foi muito positivo.

 

O projeto “Primeiro Passo” é um fio condutor para buscar a valorização da dança do samba fora de uma escola de samba. Com esse projeto foram criadas vertentes como o dia do passista que é no dia 19 de janeiro e que é uma forma de valorizar o passista. E é no dia 19 não por acaso. É porque surgiu no ano em que a festa de passistas que fazemos durante o ensaio de sexta-feira na Portela foi na véspera do dia de São Sebastião. Esses projetos sempre tiveram o apoio do Sr. José Carlos Rego.

 

PW: No meio do discurso do estandarte você falou do seu livro. Que livro é esse? Como surgiu a idéia? Editora para lançamento?

 

VP: É o livro “Passo dos Sonhos” e surgiu em 2011 através de uma observação empírica com professores e alunos da rede pública e particular. E ele surge no momento em que se publica a Lei 10.639 (de 9 de janeiro de 2003) que é regularizada com o objetivo de fazer inserir a arte afro-brasileira dentro da rede pública de educação. Junto com isso, percebe-se que, em relação à dança do samba, não se tem nada registrado quanto à metodologia de ensino, à didática. . . Aí surge o livro “Passo dos Sonhos”, em que se conta uma estória de dois sambistas, de forma infantil, que são na verdade Valci e Nilce, com a mensagem de que as pessoas devem acreditar nos seus sonhos, acreditar nos grandes valores em relação ao próximo como a solidariedade e a amizade. O conteúdo mostra e fala de alguns pontos geográficos, históricos, turísticos em relação ao carnaval, marchinhas memoráveis, grandes bailes, mas de uma forma bem pedagógica, infanto-juvenil.

 

Cita-se o Sr. José Carlos Rego. Cita também Joãozinho Trinta. . .e cita outro projeto: “Quem Samba Recicla”. Em um momento, o livro fala da didática da dança do samba, com a ajuda de um professor ou de outra criança que tem esse discernimento. Acompanha um DVD anexo, em que se mostra o Cizinho e a Fran ensinando o tempo do samba, o contratempo, o samba miudinho, a lateralidade, a contra-gira. Juntamente com esse aprendizado e o DVD anexo a criança faz uma viagem, em vídeo, e é levada a Marquês de Sapucaí com um samba que o Dudu Nobre fez para o “Primeiro Passo” com a mensagem de que a criança tem que estudar.

 

Então, o livro vai contando essa amizade entre esses dois sambistas, que acreditam na dança do samba como agente transformador. Que é capaz de tirar uma criança de uma situação ruim para se transformar em um grande ser humano. Vê o carnaval de uma outra forma, não esse carnaval que é visto na avenida. O carnaval tem uma proposta de transformar o ser humano em um grande ser.

 

PW: E quanto à editora?

 

VP: A gente está correndo na frente da editora para que seja publicado nas redes públicas e particulares de ensino. O objetivo é mostrar nas universidades e nas escolas como material de palestra.

 

O passista. O sambista

 

PW: Ser passista é?

 

VP: Aquele que transmite o ritmo do samba com a sua intuição e, ao mesmo tempo, ele é mágico. É aquele que busca mostrar para o público o amor que se tem pela a arte.

 

“Ser sambista é falar de samba, é viver o samba” (Valci Pelé)

 

 

PW: Ser passista da Portela é?

 

VP: Uma honra pra mim. Fico muito feliz em poder dar essa continuidade. . .de poder levar essa essência e tentar realmente não deixar acabar tudo isso. É uma honra. Carregar esse peso como é Tijolo, Nega Pelé, Jerônimo é uma emoção ímpar. É uma responsabilidade incrível porque você vê relatos, pesquisas de que realmente a Portela é um celeiro de passistas. . .Claudionor Marcelino dos Santos, entendeu? Isso me deixa muito feliz em poder estar colaborando com essa história, não deixar ela morrer. Dar essa continuidade e fazer com que essas crianças também vejam desta forma.

 

PW: Ser sambista é?

 

VP: Eu tenho uma filosofia de vida. . .quando as pessoas perguntam se eu acho que alguma coisa vau dar certo ou não. Eu respondo que eu tenho tanta certeza que sim como o ar que eu respiro. E ser sambista é o ar que eu respiro, sou sambista 24 horas, pois faço da dança do samba o meu ofício. E você ser um passista é ser um sambista, eu faço da minha vida realmente um samba, é um dom que Deus me deu. Ser sambista é poder estar envolvido, falando de samba, podendo estar perpetuando a dança do samba. É falar de samba, é viver o samba.

 

VP: Tem mais dois projetos maravilhosos:

 

O Grêmio Recreativo Bloco Carnavalesco Primeiro Passo.

 

Um bloco infantil que desfila em Madureira uma semana antes do carnaval, no domingo, na Praça do Patriarca. A gente distribui bolas de gás, lanche, conta com a ajuda do SESC, do Dudu Nobre, que é o padrinho, e com a bateria dos Filhos da Águia. As crianças pegam suas camisas e ficam em torno da praça. É uma grande festa.

 

Apoteose dos Grandes Passistas

 

É colocar nas galerias a exposição da dança do samba. Será realizado concurso dentro das escolas de samba do grupo especial (primeiramente) e será escolhido um casal de passista em cada escola. Este casal fará parte da apoteose dos grandes passistas, em que serão expostas fotos, matérias, entrevistas. Nessa galeria terá depoimentos de passistas da década de 60, 70 como Carlos Café, Tijolo, Moisés, Gargalhada, Nega Pelé, mostrando eles sambando e com atualidades. Vamos mostrar também o projeto “Primeiro Passo”. Vai ter o espaço do passo, onde a pessoa coloca um áudio-visual no chão mostrando a didática das danças, dos primeiros passos. Então se cria a Apoteose dos Grandes Passistas.

 

A Campanha quem Samba Recicla

 

A preocupação com o carnaval naquilo que ele gera de lixo que pode ser reciclado. As fantasias que são jogadas fora podem ser aproveitadas pelas escolas mirins ou passada para as ONGs que trabalham com reciclagem de fantasias. Com premiações, troféus.

 

Grupo Jaqueira

 

Para enaltecer a Velha-Guarda e os grandes compositores da Portela e Mangueira. Com um repertório bacana de Candeia, Manacéia, samba de raiz. É um grupo formado por passistas e sambistas bem diversificado: eles cantam, compõem. Na estréia haverá a participação do Gilsinho e do cantor André Leonno e será no dia 10 de maio do Centro Cultural Carioca, no centro do Rio.

 

Entrevista realizada por Marcelo Rocha e Vanderson Lopes.

 

 

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